Notas - Isagoge & Categorias

Guilherme Paini

Consortium Doctrinae

Virgo regens supera, Te laudant angeli super ethera.

Este documento tem como objetivo apresentar notas relevantes ao leitor principiante na arte-ciência lógica. A leitura desse documento não substitui a leitura das obras originais. O uso desse documento é variado, seja como material para revisão, seja como material para consulta. A tradução da Isagoge usada para a elaboração desse documento foi a tradução de Bento Silva dos Santos. Para as Categorias, a tradução de Pinharanda Gomes.

Isagoge

O livro Isagoge, escrito por Porfírio de Tiro, é uma espécie de introdução às categorias aristotélicas, essa introdução fez-se necessária porque a obra do Estagirita pressupõe o conhecimento dos predicáveis (gênero, espécie, diferença, propriedade e acidentes), que serão investigados detalhadamente neste documento. A Isagoge e as Categorias estudam os termos mínimos de toda proposição, isto é, as "células", as quais todo termo pode ser reduzido (substância e nove acidentes, no caso das Categorias1 e cinco predicáveis, no caso da Isagoge).

Modos de predicação

Porfírio e Aristóteles codificam uma diferença entre predicar "de" sujeito e predicar "em" um sujeito. Podemos predicar algo "de" um sujeito, ainda que não se achem presentes em nenhum sujeito. Por exemplo, podemos predicar homem deste ou daquele sujeito, muito embora homem não se encontre em sujeito algum. Esse tipo de predicação evidencia algo constitutivo da essência, podemos conjecturar que esse modo de predicação normalmente refere-se aos predicáveis, visto que é comum serem predicados em termos de gênero, espécie, propriedade e diferença específica.

Podemos também afirmar que algo está presente em um sujeito, muito embora não possa existir à parte dele. A brancura é algo que está presente em alguns sujeitos, mas não em todos. Podemos dizer que a brancura pode estar presente em alguns corpos mas não em outros, deste modo, a brancura não pode existir independentemente de algum corpo que lhe possibilite a existência. Podemos conjecturar que esse modo de predicação refere-se aos predicamentos, mais especificamente aos acidentes, visto que todos eles dependem de algo para existir, não existem independentemente.

Em outras palavras; afirmar "de" um sujeito é uma predicação de caráter extrínseco, que parte do sujeito até o exterior. Dizer: "Sócrates é homem" é predicar homem a partir de Sócrates, e não o contrário.

Já afirmar "em" um sujeito, quer dizer atribuir um predicado externamente, de modo a dizer que ele está meramente presente em um sujeito, mas que não faz parte dele. Por exemplo, dizer: "Sócrates está sentado" vem a partir de uma observação externa à Sócrates, e não de algo que parte dele em direção ao exterior. Nós vemos que Sócrates está sentado e logo após atribuímos a ele o predicado "sentado", o que não acontece no caso de predicar "de" um sujeito, como já explicado acima, até porque a essência de alguma coisa mais do que está presente nessa coisa, é a própria coisa. Nossa suspeita sobre se predicar "de" um sujeito constitui uma predicação mais constitutiva da essência, ou, analogamente, que "parte" do sujeito e que predicar como que "em" um sujeito constitua uma acepção de predicação mais relativa aos acidentes é confirmada pela nota 8 das Categorias, tradução de Pinharanda Gomes. Onde ele define o acidente e suas predicações. Essa parte é importante, quando chegarmos nas Categorias, faça questão de voltar até essa seção e lê-la com calma. Por enquanto, tente entender, e se não conseguir, não te preocupes, entenderás reflexivamente quando entrarmos nas Categorias.

Predicáveis e Predicamentos

Vamos definir os predicáveis e predicamentos com base numa analogia: Essa cadeira na qual você está sentado é da espécie "cadeira", e é do gênero "assento". Mas "assento" também é espécie de outro gênero, "móvel". Se formos ascendendo nessa classificação, alcançaremos um gênero supremo, que abrange todas as espécies e gêneros inferiores, no caso da cadeira, o gênero supremo "substância". Este gênero supremo é um predicamento, ou então, uma categoria.

Mas nem todas as coisas são substâncias. As cores, por exemplo, são qualidades. A disposição das partes do seu corpo é sua postura. Qualidade e postura são gêneros supremos, e portanto são predicamentos, ou categorias, como queira.

Os predicamentos, então, são os gêneros máximos, que abrangem todas as coisas (no sentido extensista), e são predicados de todas as coisas (no sentido intensista). Dividem-se em dez, dos quais um é substância, e os outros são acidentes.

Os predicáveis, porém, só são predicados de uma classe de entes específica: os entes de razão.

Nossa razão, como sabemos, opera de modo próprio. Para inteligir, ela torna estático o que é dinâmico, geral o que é particular, etc. Suas operações, visando a verdade, produzem obras. Essas obras são os entes de razão (conceitos, proposições, argumentos). Isso quer dizer que predicável é uma classificação de termos, que são representações de conceitos. Entretanto, os predicáveis têm sim um fundamento na realidade. Como no exemplo da cadeira, podemos fazer com todos os entes de razão. Por exemplo, você é da espécie "homem", "homem" é do gênero "animal", "animal" é do gênero de "corpo animado", e assim por diante. Isso ficará mais claro quando falarmos da Árvore de Porfírio, por ora, é o suficiente sobre os predicáveis e predicamentos.

Gênero

O termo gênero tem três acepções.

Entre os predicáveis, uns se dizem apenas de uma só coisa, e se trata dos indivíduos (Sócrates, Platão, Aristóteles, este homem, aquela coisa, esta coisa), ao passo que os outros se dizem de várias coisas (como os gêneros, espécies, propriedades, diferença e os acidentes que são comuns e não particulares a um só indivíduo).

Assim, portanto, os gêneros diferem do que é predicável de uma só coisa pelo fato de que foram definidos como predicáveis de várias.

O gênero se difere também das coisas que são predicáveis de várias, como a espécie, por exemplo. O gênero difere da espécie no sentido em que no gênero, a diferença é dada por espécies, isto é, dentro de um gênero, podemos apontar esta ou aquela espécie. No gênero animal, podemos apontar a espécie humana, canina, felina e várias outras. Já no caso da espécie, um predicável universal (assim como o gênero também o é), essa diferença se dá pelo número, ao invés de pela espécie. Sócrates e Platão são espécies do mesmo gênero. Face à isso, as espécies diferem individualmente (ou numericamente, como queira), enquanto os gêneros; especificamente (ou qualitativamente, se quisermos utilizar a acepção qualificativa do termo diferença específica.

A revelação do gênero expõe a essência de um indivíduo relativamente à questão: ’O que é?’. ’O que é o homem?’, respondemos que é um animal. O que separa o gênero da diferença e dos acidentes comuns, que também se predicam de várias coisas, é a questão a que se predica. Enquanto a resposta natural de uma questão como ’O que é?’ é o atestado de seu gênero, responderíamos a pergunta com uma diferença ou acidentes comuns caso ela fosse algo como: ’Como é tal coisa?’, ’Como é o homem?’, respondemos que ’É um ser capaz de raciocinar’, ou, equivalentemente, ’Como é o corvo?’, e respondemos que ele é negro. Decorre da nossa definição o seguinte: o gênero não comporta nem excesso nem falta e difere da diferença e dos acidentes comuns pela natureza da questão que naturalmente surge da predicação ’O que é?’ (atribuída ao gênero) e ’Como é?’ (atribuída à diferença e acidentes comuns).

Genus generalissimum e species specialissima

Em cada categoria, existem termos mais gerais, e, inversamente, outros termos absolutamente especiais. O mais geral é aquele além do qual não pode haver nenhum gênero mais elevado, como a noção de ’essência’. A esses termos, se dão o nome de Genus generalissimum, ou O gênero sem gênero.

O termo absolutamente especial é aquele acima do qual não poderia haver outra espécie subordinada.

Por exemplo: No caso do termo ’essência’2, abaixo dela acha-se o corpo; sob o corpo, o corpo animado, sob o corpo animado; o animal; sob o animal; o animal racional; sob o animal racional; o homem; sob o homem acham-se Sócrates, Platão e os demais homens particulares. Dessa forma, o genus generalissimum é a essência, pois é o gênero acima do qual não há outro gênero e abaixo do qual se predicam todos os outros. A species specialissima ou infima species é ’Homem’, pois esta é uma espécie abaixo da qual não há outra espécie subordinada. Abaixo do termo ’Homem’, só se encontram os indivíduos, e estes, como dito anteriormente, diferem em número, e não por outra coisa.

Em outras palavras, "substância" é o genus generalissimum. "Corpórea" é uma espécie de "substância" e gênero de "corpo"; "corpo" é uma espécie de "corpórea" e gênero de "animado"; "animado" é espécie de "corpo" e gênero de "animal"; "animal" é espécie de "animado" e gênero de "racional"; "racional" é espécie de "animal" e gênero de "humano"; "humano" é espécie de racional e não é gênero dos homens particulares, é uma espécie que é apenas espécie, ou infima specie.

image

Leia atentamente a descrição feita acima e compare com a figura3.

 

Deste modo, os filósofos definem o genus generalissimum e a infima species ou specie specialissima:

Espécie

Chama-se ’espécie’ o que está sob um gênero definido, no sentido em que temos o costume de dizer que o homem é uma espécie de animal, o qual é um gênero, ou que o branco é uma espécie de cor, ou o triângulo, uma espécie de figura geométrica.

Os predicáveis de gênero e espécie são relativos. Define-se gênero por ’O que é predicável de várias coisas diferindo pela espécie relativamente à questão: ’O que é?’", e se acabamos de dizer que espécie é: "o que está sob um gênero definido", é preciso saber que deve-se fazer uso das suas respectivas definições em ambas as noções.

Portanto, define-se espécie por: "A espécie é o que se ordena sob o gênero" e, portanto, o gênero é "O que se predica relativamente à questão: ’O que é?’"

É normal fazermos juízos oriundos de uma divisão lógica espontaneamente, através de um movimento intuitivo do intelecto. Quando perguntamos de forma abrangente: ’O que é um homem?’, a resposta natural seria: ’Um animal’, ou, ’Um animal racional’, esse juízo é uma divisão do gênero em suas espécies, a primeira afirmação é a mais abrangente, mas está tão correta quanto a segunda. A partir de uma espécie - o homem -, intuímos o gênero, de forma que é muito mais natural ao homem, por ser um organismo sensível, abstrair o gênero das espécies, visto que temos contato com indivíduos e os indivíduos estão ordenados sob a infima specie, a infima specie, por sua vez, está ordenada sob um gênero, e assim podemos continuar até chegarmos no genus generalissimum. Porfírio julgava que os termos mais gerais, aqueles que são apenas gêneros, correspondem às dez categorias aristotélicas. De forma que as dez categorias servem como dez Primeiros Princípios, aos quais todo outro termo pode ser reduzido, pois, de tudo aquilo que a espécie se predica, necessariamente será predicada também o gênero da respectiva espécie, e o gênero do gênero, até o mais geral.

 

Sócrates é homem.

Homem é animal.

Animal é essência.

 

Seria correto, nesse caso, dizer que Sócrates é homem, animal e essência ao mesmo tempo, mas não sob o mesmo aspecto, visto que em matéria de termos de gênero e espécie, é sempre conveniente tratá-los relativamente uns com os outros, dado a própria natureza definitiva compartilhada entre eles.

Dessa forma, fica claro que o gênero sempre se predica da espécie, e, em geral, tudo que está acima se predica do que está abaixo. Entretanto, aquilo que está abaixo não se predica simplesmente do que está acima, visto que não é convertível simplesmente. Para converter uma espécie inferior em relação ao gênero que lhe é superior, é necessário fazer um processo de conversão per accidens. Os processos de conversão, bem como o conhecimento necessário para entender este documento em plenitude estão no Opúsculo de Lógica aos Novatos.

No exemplo a seguir, vamos predicar o gênero da espécie.

Seres humanos (espécie) são animais (gênero).

No caso acima, isso se segue e é verdadeiro, visto que a espécie está sob o gênero.

 

Entretanto, isso não se segue se predicarmos a espécie do gênero:

Animais (gênero) são seres humanos (espécie).

Isso não se segue, pois há vários outros animais que não são seres humanos, temos por exemplo o cachorro, o gato, e etc. o erro nesse caso é um erro lógico de extensão de termos, bem como um erro de natureza definitiva, mostra um desconhecimento das regras de extensão dos termos em relação aos predicáveis.

Diferença

Estabeleçamos que a diferença se diz de uma maneira comum, de uma maneira própria e de uma maneira inteiramente própria.

Entre as diferenças, algumas são separáveis, outras inseparáveis: Mover-se, estar em repouso, estar com boa saúde ou doente, etc. são diferenças separáveis, ao passo que ter um nariz achatado, ser capaz de raciocinar ou não são diferenças inseparáveis. Deste modo, ser capaz de raciocinar pertence ao homem, bem como o fato de ser mortal ou ser capaz de receber a ciência, mas ter um nariz achatado lhe pertence acidentalmente e não por si. A diferença separável pode apresentar gradação, as diferenças inseparáveis também, mas a diferença específica (que se inclui nas diferenças inseparáveis) não admitem gradação. As diferenças inseparáveis umas são predicados essenciais (como predicar "racional" de homem) e outras são separáveis (como predicar "achatado", "forte" em homem), no caso das separáveis, elas são sempre predicações acidentais. No caso das diferenças inseparáveis, algumas são predicações acidentais (como ter olhos verdes) e algumas são predicações essenciais (como ser capaz de raciocinar).

Para definir as diferenças, os filósofos enunciam: "Uma diferença é aquilo mediante o qual a espécie excede o gênero em intensão". Assim, homem tem mais do que animal (seu gênero mais próximo), tem predicados como o de racional; Entretanto, o gênero possui todas as diferenças (em potência) das suas espécies subordinadas.

Propriedade

Os filósofos dividem a propriedade em quatro espécies:

Aristóteles definiu a propriedade como: "A propriedade é aquilo que, sem expressar a essência de uma coisa, pertence, todavia, somente a ela e é convertível com ela". Ou então "Pertence só a uma espécie, sempre a toda essa espécie". A falta da propriedade causa a destruição do sujeito. Um homem sem a capacidade de rir5 é um não-homem.

Acidente

O acidente é o que pode aparecer ou desaparecer sem provocar a destruição do sujeito.

Divide-se em duas espécies: uma espécie é separável; outra é inseparável. Dormir, por exemplo, é um acidente separável, ao passo que ser negro é um acidente inseparável de corvo e de Etíope. Muito embora seja possível imaginar um corvo ou Etíope de outra cor sem que isso provoque sua destruição.

Os filósofos definem do seguinte modo: "O acidente é aquilo que pode pertencer ou não pertencer à mesma coisa".

Retirar um acidente inseparável causa a destruição do sujeito. Entretanto, o acidente inseparável, ao contrário da propriedade, pertence a diversas espécies e não a somente uma.

Em síntese:

Categorias

As Categorias constituem o primeiro tratado da lógica estrita de Aristóteles. Aqui se estudam os predicamentos e as palavras, os nomes, as substâncias e os acidentes.

Nomes

Chamam-se homônimos os nomes que só têm de comum o nome, enquanto a noção da sua essência é distinta. Por exemplo, animal tanto é um homem como um homem em pintura. Em ambos os casos, essas coisas têm apenas o nome em comum, porque de um lado, temos o homem mesmo, a substância Homem, e de outro, temos a mera representação figurativa de um homem. A essência desses dois é completamente diferente, tendo apenas o nome em comum.

Chamam-se sinônimos quando simultaneamente têm o mesmo nome e esse nome significa comunidade de nome e identidade de essência. Assim, tanto um homem quanto um boi têm a mesma essência, quando tomadas em relação ao gênero, que é o gênero animal. A definição de animal é organismo sensível, e essa definição se aplica tanto para o homem quanto para o boi. Nesse caso, dizemos que são sinônimos. Lembre-se que o gênero animal possui uma definição porque ele é também espécie. Os gêneros médios são espécies e as espécies médias são também gêneros. Revise a explicação da árvore de Porfírio e isso ficará mais claro. Uma definição é dada como: [Gênero mais próximo] é [Diferença específica].

Chamam-se parônimos os nomes que derivam de outros, por meio de flexão verbal, como, por exemplo, de gramática deriva gramático, e de coragem, corajoso.

Agora é uma boa hora para voltar até a seção 1.1 e 1.2, para encadear melhor o conhecimento dos modos de predicação "de" um sujeito e "em" um sujeito. Também para entender melhor a distinção entre predicável e predicamento. Resumidamente, predicar como que "de" um sujeito enuncia algo mais constitutivo da essência, enquanto predicar "em" um sujeito enuncia algo mais acessório, mas não deixe de ler essas duas seções novamente antes de prosseguir, nessa parte das Categorias, Aristóteles divaga um pouco quanto à essas diferenças, entretanto, elas já foram explicadas e expandidas nas seções 1.1 e 1.2, portanto, vamos partir6 direto para as substâncias, primeira classe de predicamento.

Palavras

As palavras podem ser combinadas ou não, todas as palavras sem combinação significam por si mesmas uma das seguintes coisas:

  1. O que (substância).

  2. O quanto (quantidade).

  3. O como (qualidade).

  4. Com o que se relaciona (relação).

  5. Onde está (lugar).

  6. Em que circunstância (hábito).

  7. Atividade (ação).

  8. Passividade (paixão).

  9. Como está (estado7).

  10. Tempo (quando).

Substância

Substância, na acepção mais fundamental, diz-se daquilo que nunca se predica de um sujeito nem em um sujeito, por exemplo, este homem ou este cavalo. No entanto, podemos falar de substâncias segundas, espécies em que se incluem as substâncias primeiras e nas quais se são gêneros, ficam contidas as mesmas espécies. Por exemplo: o homem individual (substância primeira) inclui-se na espécie nominada homem, e por sua vez, incluímos essa espécie no gênero chamado animal. Tanto a espécie "homem" quanto o gênero "animal" são chamados de substância segunda. Em síntese, substância primeira é o indivíduo mesmo, por exemplo: Sócrates, Bucéfalo. Substância segunda é aqueles em que se incluem as substâncias primeiras, no caso do exemplo, homem e cavalo (espécies) e animal (gênero). As substâncias segundas são os predicáveis de espécie e gênero.

Todas as coisas, sejam elas quais forem, exceção feita às substâncias primeiras, ou são predicados das substâncias primeiras, ou então acham-se nelas. E não havendo estas substâncias primeiras, não haveria nenhuma das outras substâncias.

Quanto às espécies, nenhuma é mais substância que outra, a menos que essa dada espécie seja também em gênero. Isso é válido somente em espécies sob um mesmo gênero, exemplo: Homem não é mais substância do que cavalo.

Só espécie e gênero são substância segundas porque entre todos os predicáveis só elas definem a substância primeira.

Substâncias não são suscetíveis a gradação. Algo não pode ser mais ou menos homem. A substância enquanto substância não é mais nem menos do que em si mesmo.

A principal propriedade da substância parece ser isto: que, apesar de permanecer idêntica, una e a mesma, é capaz de receber qualificações contrárias. Nunca ao mesmo tempo, é claro.

Quantidade

A quantidade é, ou discreta, ou contínua, e, além disso a quantidade ou é formada por partes que têm, em relação umas às outras, ou por partes que não têm posições relativas entre umas e outras. São exemplos de quantidade discreta o número e a oração, e de quantidade contínua a linha, a superfície e o sólido. Os quais podemos juntar o tempo e o lugar.

No caso dos números, eles não possuem um limite em comum no qual se unem. cinco mais cinco são dez, porém, o cinco ainda é distinto do dez, eles não se unem propriamente. À união de dois cinco damos o nome "dez", mesmo que eles sejam distintos e, não possuam um limite comum. Por esta razão os números são discretos.

A oração também é discreta, pois as palavras não se unem em um limite comum, elas são distintas e não-propriamente unidas. À um conjunto de letras, damos o nome de "palavras". À um conjunto de palavras, damos o nome "oração". À um conjunto de orações, damos o nome "discurso".

No caso da linha, é uma quantidade contínua porque há um limite em comum em que suas partes se unem, o ponto. O mesmo ocorre na superfície e no plano, as partes de cada coisa se unem propriamente e formam um todo. Enquanto nas coisas discretas, elas não se unem propriamente. O tempo e o espaço são contínuos.

As mencionadas a seguir são as únicas que têm a propriedade de ser chamadas quantidades, e tudo o mais que assim se chama só o poderá ser por acidente. Como exemplo: dizemos que branco é grande dado a superfície coberta de branco ser grande; a ação chama-se longa, por ser longo o tempo em que se passa.

Além disso, a quantidade nunca tem contrários, alguém pode dizer: Pouco é contrário de muito. Sim, mas estes não são quantidades, mas relações. Ou, que grande é contrário de pequeno, que também são relações ao invés de quantidade. As coisas só são grandes ou pequenas em relação comparativa. Não têm contrários porque tomado em relação a uma mesma coisa não podem ter duas qualificações ao mesmo tempo. A substância, como supracitado, está apta a receber contrários, mas não ao mesmo tempo, quiçá termos relativos com qualificações diferentes em relação a uma mesma coisa.

A definição de contrário é a seguinte: Os termos que dentro do mesmo gênero estão mais distantes, são definidos como contrários.

A quantidade não é suscetível de mais e menos. Um metro não é mais ou menos um metro. Dois metros não é mais ou menos dois metros. Podemos entretanto predicar "igual" ou "desigual" das quantidades. Um sólido é igual ou desigual a outro, por exemplo, a categoria de quantidade é a única que pode ser predicada "igual" ou "desigual".

Relação e Estado

Chamamos relativas às coisas quando se diz que elas estão na dependência de outras, porque a sua existência está de algum modo relacionada com outras. Assim, maior diz-se maior de que alguma coisa. Estado, disposição, sensação, conhecimento e posição também se dizem em relação a uma outra coisa. Estado é estado de alguma coisa, e todos eles se explicam mediante uma referência a outro. São, portanto, relativos os termos cuja substância é a de serem ditos dependentes de outros, ou de se referirem de algum modo a outros. Por exemplo: dizemos que um monte é alto apenas em comparação a outro, ou em comparação a um conjunto de outros.

Por vezes, o relativos têm contrários, por exemplo: A virtude é o contrário do vício, mas cada um destes termos é relativo. Mas alguns relativos não têm contrários, por exemplo: o dobro, o triplo.

Também parece que os relativos admitem o mais e o menos. Semelhante e diferente são dizíveis segundo o mais e o menos, o igual e o desigual também se dizem segundo o mais e o menos, sendo termos relativos, porque o semelhante é dito a algo, o mesmo vale para diferente. No entanto, nem todos os relativos têm gradação, o dobro é um exemplo de termo relativo que não possui gradação.

Todos os relativos têm os seus correlativos, por exemplo: Escravo quer dizer escravo de um senhor, e senhor quer dizer senhor do escravo. O dobro quer dizer dobro da metade, e metade, metade do dobro. Isto verifica-se em todos os casos relativos.

Haverá, contudo, uma diferença no caso ou inflexão gramatical. Assim: chamamos conhecimento ao conhecimento do cognoscível e a cognoscível o que é cognoscível ao conhecimento. É quando se comete um erro e o termo ao qual o relativo se refere não é apropriado. Por exemplo: se dermos asa como relativo à ave, não há correlação de ave e de asa. O termo justo é o de asa de ave, visto que asa é asa de uma ave, quando consideramos esta, não como ave, mas como alada, há correlação imediata. Quando a correlação é adequada, a relação é sempre imediata, como quando dizemos que asa é asa de um alado, e o alado o é em virtude da asa. É por isso que torna-se adequado evitar más colocações quanto aos relativos. Asa é asa de algo alado, não de ave. Leme é leme do lemeado, não do barco.

Assim, pois, todos os relativos têm correlativos.

A substância não entra no grupo dos relativos.

Qualidade

A qualidade é isso em virtude do qual algo é dito tal ou qual.

Uma primeira espécie de qualidade é a que se denomina de hábito e disposição, mas o hábito difere da disposição por ser mais durável e mais estável. O hábito contém as virtudes e o próprio conhecimento, essas coisas são difíceis de deslocar do espírito e portanto se encaixam nessa definição de hábito. Por exemplo: intemperante, justo, etc. As disposições, pelo contrário, são assim denominadas porque podem ser mudadas e rapidamente alteradas, como o calor e o frio; a doença e a saúde, etc.

Uma outra espécie de qualidade é aquela segundo o qual podemos predicar em um sujeito que possua uma determinada potência ou impotência. Bons lutadores e bons corredores são assim chamados porque têm uma certa aptidão adquirida para fazer exercícios com maestria, não porque eles o estão fazendo a todo momento.

Uma terceira espécie de qualidade compreende as paixões e as afeições. Tais são, por exemplo, a doçura, a amargura, com todos seus afins. A brancura e a negrura, que são qualidades, são assim chamadas porque os sujeitos que os possuem são ditos desta ou daquela qualidade em razão da sua presença nelas. O mel diz-se que é doce por conter doçura, e um corpo diz-se branco por ter recebido a brancura. Portanto, dá-se o nome de qualidades afectivas àquelas que os sujeitos são afetados em razão da presença dessas qualidades nele.

Existem algumas qualidades passivas, o mel não é afetado pela doçura, já o gosto o é, a doçura advém de uma paixão do gosto, e por isso é afetado por ela, o que não se segue no caso do mel. As qualidades passivas são assim chamadas porque cada uma destas qualidades têm potência para produzir a modificação das sensações. No que respeita às determinações provenientes de causas destruidoras mas logo afastadas, elas são em relação a tais afeições, por exemplo: não podemos dizer que quem cora momentaneamente por vergonha é tímido, também não podemos dizer que alguém que tomou um grande susto é branco por conta de sua palidez, às afeições momentâneas, não se predicam qualidades, pois ninguém é qualificado por elas. As qualidades que são efeito de modificação são também chamadas de qualidades afectivas, aquelas que produzem uma mudança de qualificação quanto ao seu efeito, por exemplo: O gosto é afetado pela doçura, a visão é afetada pela cor, e assim por diante. Qualidades passivas correspondem a uma modificação nas sensações, por isso seu nome - passivas -, remetendo às paixões. As disposições que têm origem nas paixões estáveis e permanentes, chamam-se qualidades afectivas (como o exemplo da doçura e do mel).

A quarta espécie de qualidade compreende a figura e a forma de cada coisa. As coisas definem-se mediante estas qualidades, pois uma dada coisa é triangular ou quadrangular e estas características a qualificam.

A qualidade admite a contrariedade. Se um dos contrários for qualidade, o outro também será.

As qualidades admitem gradação, mas alguns não têm. No termo "justo", que é uma qualidade, existe gradação, mas no termo "quadrangular", que também é uma qualidade, não existe gradação. É próprio da qualidade receber o termo "semelhante" ou "diferente".

Os hábitos e disposições são da categoria da relação e da qualidade. Termos relativos podem ser usados na predicação qualificativa, mas isso não sobrepõe sua natureza relativa.

Os gêneros, na maior parte dos casos, são termos relativos, embora nenhuma das espécies particulares o seja. O conhecimento considerado como gênero é, por essência, o que é relativo a outro, pois dizemos que o conhecimento é conhecimento de alguma coisa. Em contrapartida, nenhuma das ciências particulares, é, por essência, relativa a outra. Por exemplo, não dizemos que gramática (espécie do gênero "conhecimento") é gramática de algo. E se são relativas, são estritamente pelo gênero, não pela espécie, por exemplo: gramática (espécie) é ciência (gênero) de algo, nesse caso sim, poderíamos dizer que há uma relação, mas nunca imediata, é sempre pelo gênero que a espécie pode relacionar-se. Por isso, as ciências particulares não se incluem nos relativos. Ciências particulares são só qualidade. Acrescento que, se houver uma coisa que seja simultaneamente relação e qualidade, não será absurdo incluí-la ao mesmo tempo nas duas categorias.

Ação e Paixão

A ação e a paixão também admitem a contrariedade e são suscetíveis aos graus maior e menor. Aquecer é o contrário de arrefecer, ser aquecido é o contrário de arrefecer, alegrar-se de entristecer-se. O mesmo quanto ao mais e o menos, ação e paixão são sempre suscetíveis a mais e menos. Já nos referimos à posição no capítulo dos nomes relativos, onde dissemos que estas categorias derivam o nome de posições correspondentes. A ação indica um executor, algo que executa determinada paixão. A ação própria ao fogo, por exemplo, é a ação de queimar, o executor dessa ação é o próprio fogo. Já a paixão, contrariamente à ação, é a propriedade de sofrer algo, a paixão da madeira é ser queimada, esse é seu "sofrer". Não confunda paixão no sentido categórico com a paixão no sentido popular.

Tempo, Lugar e Posição8

Quanto às restantes categorias de tempo, lugar e posição, em razão da sua bem conhecida natureza, nada mais temos acrescentar ao que já dissemos no começo, a saber, que a posição significa situações como "estar sentado", "estar calçado". O lugar é, por exemplo, "em Curitiba", o tempo é por exemplo "daqui há três dias", "ontem", "três dias" e assim por diante.

Opostos

Quanto às categorias, já dissemos o suficiente. Passemos aos opostos:

Oposição de Relativos

A oposição de um termo a outro tem quatro modos: a oposição de relativos, oposição de contrários, privação à possessão, e da afirmação a negação. Em cada um destes modos a oposição é exprimível de forma esquemática da seguinte forma: a dos correlativos, expressa em termos como o dobro quanto à metade; a dos contrários, como o mal quanto ao bem; a da privação quanto à possessão, como a cegueira quanto a visão, a da afirmação quanto à negação, como está sentado ou não está sentado.

Quando relativos, são aqueles cuja propriedade consiste em ser dito do seu oposto ou ao qual de algum modo se refere, por exemplo: dobro é o que em si mesmo se diz acerca de uma outra coisa, pois de alguma outra coisa o dobro é o dobro. Conhecimento e cognoscível são também opostos e relativos, pois o conhecimento em si mesmo diz-se conhecimento do cognoscível, e cognoscível, por sua vez, é em si mesmo dito do seu oposto, a saber, o conhecimento, pois o cognoscível é dito cognoscível de alguma coisa.

Oposição de Contrários

Quando os opostos são contrários, não dependem um ao outro, e entendem-se simplesmente por serem contrários um ao outro. Não dizemos que o bem é o bem do mal, mas o contrário do mal. Não dizemos que o branco é o branco do preto, mas o contrário do preto. Por isto estes dois tipos de oposição diferem entre eles. Sempre que os contrários são tais que os sujeitos em que eles estão por natureza ou dos quais são afirmados, não podem ser um e outro ao mesmo tempo, não há intermédio entre eles, mas se são contrários não necessariamente contidos um ou outro pelo sujeito, há sempre algum intermédio. O que Aristóteles quis dizer nesta parte é que quando dois termos contrários pertencem a um sujeito, não tem intermédio algum entre eles, ou seja, será um ou outro. Ilustremos com um exemplo: a doença e a saúde acham-se ora um, ora outro no corpo do animal, e com toda necessidade, um ou outro estão presentes, ou a doença, ou a saúde. O mesmo ocorre no caso do par e do ímpar, que são afirmados do número. Não há entre estes termos nenhum meio termo, (ou "intermédio", como Aristóteles coloca) nem entre a saúde e a doença, nem entre par e o ímpar. Isto é, um corpo sempre será ou saudável ou doente, um número sempre será ou par ou ímpar, isto acontece porque o sujeito não permite que esses termos sejam encontrados nele ao mesmo tempo, e também porque esses termos são de certa forma "contidos" pelo sujeito, e como vimos anteriormente, contrários não podem existir no sujeito ao mesmo tempo. Nos casos em que nem um nem outro pertence necessariamente ao sujeito (como a saúde e a doença pertencem ao corpo, como o ímpar e o par pertencem ao número), há entre eles um intermédio. Por exemplo: o preto e o branco acham-se naturalmente em um corpo, mas não há necessidade nenhuma de que um ou outro pertençam ao corpo, pois nenhum corpo é obrigatoriamente branco ou preto, como é o caso da explicação anterior de saúde e doença. Alguns dos intermédios têm nome próprio, por exemplo, entre o branco e o preto, há o cinzento. Noutros casos, é difícil exprimir o intermédio por um nome, sendo a definição dele obtida pela negação dos extremos, por exemplo: aquilo que não é justo nem injusto.

Oposição de Privação e Possessão

Os opostos por privação e possessão giram em torno do mesmo sujeito, por exemplo, a visão e a cegueira dizem-se do olho, e, por via de regra, o sujeito em que a possessão naturalmente ocorre é o mesmo acerca do qual ambos os opostos são afirmados. Dizemos que a privação é predicado de todo o sujeito apto à possessão, isto é, é sempre possível que um sujeito que tenha posse de algo seja privado dela. Estar privado ou estar possesso não é o mesmo que privação ou possessão. A possessão, por exemplo, é a visão, e a privação, a cegueira. A cegueira é uma certa privação, enquanto estar cego é estar privado, mas não é a privação. É claro que estar privado de um estado e possuir um estado são opostos, do mesmo modo que nos termos de privação e possessão. Com efeito, tal como a cegueira é o oposto da visão, também estar cego é o oposto de ter vista.

Oposição de Afirmação e Negação

O que se subordina à negação e à afirmação se opõem da mesma forma que as proposições. Assim como, por exemplo, nas proposições "está sentado" e "não está sentado" são opostas, as coisas (termos) que constam nessas proposições também se opõem, por exemplo: "este homem está sentado" e "este homem não está sentado".

Características Especiais

No modo de oposição contrário, há um certo tipo de reciprocidade; o homem vil pode passar a ser justo e o homem justo pode tornar-se vil. No caso da privação e possessão, isso não se segue. Uma vez cego, o homem não recupera a visão, uma vez desdentado, o homem não se vê crescendo espontaneamente novos dentes em sua boca. Verificamos que é possível uma mudança recíproca de possessão à privação, mas nunca de privação à possessão.

É também necessário que os pares de contrários pertençam, em todos os casos, ou ao mesmo gênero, ou a gêneros contrários, ou então que eles mesmos sejam gêneros. O branco e o preto são o mesmo gênero (a cor). A justiça e a injustiça são gêneros contrários, pois o gênero da primeira é a virtude, e o gênero da segunda é o vício.

Anterior

Há quatro modos de dizer anterior:

  1. Numa acepção primeira e fundamental é o tempo que nos leva a afirmar que algo é anterior a outro, por isso dizemos que algo é mais velho que outro, significando que o tempo ido é maior.

  2. Em segundo lugar, é anterior o que não admite reciprocidade e, quando a ordem de ser entre duas coisas é fixa, por exemplo, o número um é anterior ao números dois, pois se há dois, segue-se que há um, mas se há um, não necessariamente há dois.

  3. Em terceiro lugar, diz-se por referência a uma certa ordem. Como na gramática, as letras são anteriores às sílabas, na matemática, o número é anterior à proposição geométrica, e assim por diante.

  4. Além das acepções mencionadas há uma outra; o melhor e mais estimável parece ser anterior por natureza. Assim dizemos que as pessoas que amamos mais vêm antes às demais.

Simultâneo

Simultâneo diz-se, em acepção simples e fundamental, das coisas cuja geração teve lugar ao mesmo tempo, nenhuma delas sendo anterior nem posterior à outra. Simultaneidade é significada no tempo.

São simultâneos por natureza os recíprocos na ordem de existência, como no caso do dobro e da metade. Se há dobro, há metade e vice-versa, muito embora nenhum desses termos seja a causa de haver o outro.

As espécies que, provenientes da divisão do mesmo gênero, são opostas uma à outra, designam-se também simultâneas por natureza. Entretanto, os gêneros são sempre anteriores às espécies. Isso acontece porque não há reciprocidade; se há animal, não necessariamente há bípede, mas se há bípede, há necessariamente animal.

Contrariedade e Gradação entre predicáveis e predicamentos

Categorias Admite contrários? Admite gradação?
Substância Não Não
Quantidade Não Não
Relação Sim Sim
Qualidade Sim Sim
Tempo Não Não
Lugar Sim Não
Estado Não Não
Ação Sim Sim
Paixão Sim Sim
Hábito Sim Sim

Predicáveis Admite contrários? Admite gradação? Enuncia a essência?
Gênero Sim Não Sim
Espécie Sim Não Sim
Diferença Sim Não Sim (Dif. específica)
Propriedade Sim Não Não
Acidente Sim Não Não

  1. Ou "Predicamentos".↩︎

  2. Algumas traduções da Isagoge valem-se do termo "substância" ao invés de "essência", habitue-se a esse tipo de discordância.↩︎

  3. Créditos ao meu querido amigo Insn, por esta linda Árvore de Porfírio.↩︎

  4. Termo usado nas Categorias de Aristóteles.↩︎

  5. A capacidade de rir é entendida na acepção natural do termo. Um homem tem a aptidão natural para rir, isso não quer dizer que se por algum acidente ele seja privado dessa capacidade, que ele seja menos homem, pois a capacidade natural ainda pertence à sua essência, só é privada por algum fator extrínseco à ela.↩︎

  6. isso foi pensado para tornar um pouco mais linear a progressão do documento, indo diretamente à substância, e após isso mergulhar nos acidentes.↩︎

  7. Ou postura, como preferir.↩︎

  8. Ou postura.↩︎

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